A sensação de queimação no peito, que sobe pela garganta e dá até um gosto amargo na boca são sinais familiares para muitos. Refiro-me à questão da azia e refluxo gastroesofágico, condições que afetam milhões de pessoas diariamente, impactando a qualidade de vida. Compreender a origem desses incômodos é o primeiro passo para encontrar a tranquilidade que você tanto busca.

Quais são as causas por trás da azia e do refluxo?

Saber essa resposta é fundamental para gerenciar os sintomas e evitar episódios recorrentes. A base dessas condições reside na falha do esfíncter esofágico inferior, uma válvula muscular que deveria impedir o conteúdo estomacal de retornar ao esôfago. 

Quando essa barreira não funciona adequadamente, o ácido do estômago sobe, irritando a mucosa do esôfago. Esse incômodo – azia e refluxo – parece complexo, não é mesmo? 

O que exatamente é o esfíncter esofágico inferior?

O esfíncter é como uma válvula muscular em forma de anel que existe em várias partes do nosso corpo. Sua principal função é controlar a passagem de substâncias de um local para outro, ou impedir que algo retorne para onde não deve.

Pense nele como uma espécie de “portão” que pode abrir e fechar. Ele se contrai para fechar uma passagem e relaxa para abri-la, garantindo que líquidos, alimentos ou resíduos se movam na direção certa e na hora certa.

Exemplificação do que é o esôfago e como ocorre o refluxo

Fonte: Gastroclínica

Esfíncter esofágico inferior (cárdia) fica na junção do esôfago com o estômago. Sua função é abrir-se para permitir que o alimento passe do esôfago para o estômago e se fechar para impedir que o ácido estomacal e o conteúdo do estômago voltem para o esôfago, causando o refluxo e a azia.

Fatores que contribuem para a azia e refluxo

Alimentação: certos alimentos podem relaxar o esfíncter esofágico ou aumentar a produção de ácido no estômago.

Alimentos cítricos: laranja, limão e tomate, por exemplo, podem irritar o esôfago já sensível.

Alimentos gordurosos e fritos: demoram mais para serem digeridos, permanecendo por mais tempo no estômago e aumentando a pressão.

Chocolate: contém teobromina, uma substância que pode relaxar o esfíncter.

Cafeína: presente em café, chás e refrigerantes, estimula a produção de ácido.

Bebidas alcoólicas: irritam o esôfago e podem relaxar o esfíncter.

Menta e hortelã: apesar de refrescantes, podem comprometer o fechamento do esfíncter.

Hábitos de vida: a maneira como vivemos e nos alimentamos influencia diretamente a saúde digestiva.

Comer demais: encher demais o estômago pode aumentar a pressão sobre o esfíncter.

Deitar-se logo após comer: a gravidade não ajuda a manter o alimento no estômago, facilitando o refluxo.

Tabagismo: a nicotina relaxa o esfíncter esofágico inferior, além de diminuir a produção de saliva, que ajuda a neutralizar o ácido.

Obesidade: o excesso de peso abdominal pode exercer pressão sobre o estômago, empurrando o conteúdo para cima.

Estresse: embora não cause diretamente o refluxo, o estresse pode agravar os sintomas e a percepção da dor.

Condições médicas: algumas patologias podem predispor ao refluxo.

Hérnia de hiato: uma parte do estômago se projeta através do diafragma, facilitando o refluxo.

Gravidez: as alterações hormonais e a pressão do útero sobre o estômago podem levar ao refluxo.

Determinados medicamentos: alguns remédios, como anti-inflamatórios e relaxantes musculares, podem ter como efeito colateral o aumento do refluxo.

Para realmente desvendar as causas de uma incomodante azia e refluxo, você deve manter um diário alimentar. Anote tudo o que come e bebe e, ao lado, registre quando os sintomas aparecem e sua intensidade. 

Após algumas semanas, os padrões surgirão, revelando os verdadeiros gatilhos para o seu organismo. É como um mapa personalizado que guiará você para encontrar soluções.

Como aliviar a azia e refluxo no dia a dia?

Aliviar os sintomas de azia e refluxo não significa apenas tomar um remédio. Envolve uma combinação de mudanças no estilo de vida, ajustes na dieta e, em alguns casos, intervenções médicas. A chave é a persistência e a observação de como seu corpo responde a cada alteração.

Dicas para reduzir os sintomas e viver melhor

Refeições menores e mais frequentes: em vez de três grandes refeições, opte por cinco ou seis pequenas.

Porções menores reduzem a pressão sobre o esfíncter.

Dar tempo para a digestão permite que o estômago esvazie antes da próxima refeição.

Espere pelo menos três horas depois da última refeição antes de ir para a cama. Manter-se em posição vertical ajuda a reter o conteúdo no estômago.

Usar calços de madeira ou um travesseiro de cunha (não apenas mais travesseiros sob a cabeça) eleva o tronco. Ajuda a manter o ácido no estômago enquanto você dorme.

Cintos e calças justas podem aumentar a pressão abdominal. Menos pressão sobre o abdômen significa menos chance de refluxo.

A perda de peso pode aliviar significativamente a pressão sobre o estômago e o esfíncter. Além de ajudar no refluxo, a manutenção do peso ideal previne diversas outras condições.

O tabagismo é um grande agressor para o sistema digestivo. Parar de fumar permite que o esfíncter funcione melhor e reduz a irritação do esôfago.

Técnicas de relaxamento, como yoga, meditação ou exercícios leves, podem ser muito úteis. Embora não seja uma causa direta, como mencionado.

Uma digestão começa na boca. Alimentos bem mastigados são mais fáceis de serem processados.

Beber muito líquido durante as refeições pode diluir os ácidos estomacais e aumentar o volume no estômago. Evite! Permita que o seu estômago mantenha a acidez ideal para quebrar os alimentos.

Se você usa remédios que podem causar azia, converse com seu médico sobre alternativas. Ele poderá ajustar a medicação ou prescrever algo para proteger o estômago.

Quando azia e refluxo indicam algo mais sério?

Embora a dupla azia e refluxo sejam comuns, ignorar sintomas persistentes pode levar a complicações. Há um limite entre o desconforto ocasional e um problema que exige atenção médica. Não hesite em procurar um especialista se os sintomas forem frequentes ou acompanhados de outros sinais.

Sinais de alerta que exigem avaliação médica

Preste atenção aos sinais, o corpo fala… e muito. É preciso ouvi-lo e atendê-lo:

Azia e refluxo frequentes

Mais de duas vezes por semana, persistindo por um longo período pode ser um sinal da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), uma condição crônica.

Dificuldade ou dor ao engolir (disfagia/odinofagia)

Pode indicar estreitamento do esôfago ou irritação severa. Lesões esofágicas: sinais de que o ácido está causando danos significativos.

Perda de peso inexplicável

Acompanhada de azia e refluxo, pode ser um sinal de algo mais grave. Necessidade de investigação: exige uma investigação médica para descartar outras condições.

Vômito com sangue ou fezes escuras (melena)

Sinais de sangramento no trato digestivo. Urgência médica: situações que demandam atendimento imediato.

Dor torácica intensa, especialmente com irradiação para braço, pescoço ou mandíbula

Embora possa ser refluxo, pode confundir-se com um ataque cardíaco. Diferenciação importante: sem hesitação, procure atendimento de emergência para descartar problemas cardíacos.

Sintomas que não melhoram com antiácidos ou mudanças de estilo de vida 

Indica que a condição pode ser mais resistente ao tratamento comum. Reavaliação necessária: sugere que o diagnóstico pode precisar ser aprofundado ou o tratamento ajustado.

Rouquidão persistente ou dor de garganta crônica

O ácido pode subir até a laringe e faringe, causando irritação.

Refluxo laringofaríngeo

Um tipo de refluxo que afeta a garganta e as cordas vocais.

Tosse crônica sem causa aparente

O refluxo pode ser um gatilho para a tosse, especialmente à noite. Possível ligação com refluxo: se outras causas de tosse foram descartadas, o refluxo pode ser o culpado.

Conclusão

Azia e refluxo, embora comuns, não devem ser vistos como meros inconvenientes a serem suportados. Compreender as causas – que vão desde a dieta até condições médicas – é o ponto de partida para recuperar o controle. As soluções muitas vezes começam com mudanças simples no estilo de vida e na alimentação.

Contudo, a persistência dos sintomas ou a presença de sinais de alerta servem como um lembrete importante: o corpo envia mensagens claras. Reconhecer esses sinais e buscar a avaliação de um especialista é um passo fundamental.

É a forma mais eficaz de proteger a sua saúde a longo prazo, garantindo que o bem-estar esteja sempre no seu horizonte. Não espere que o desconforto se torne uma limitação. Mude o cenário da sua saúde. Agende sua consulta com a Dra. Allyne e descubra o alívio que você merece.