Alguns brinquedos chamam tanta atenção quanto as próprias crianças que os seguram. As luzes piscam, as músicas tocam e os sons se repetem insistentemente – mas o que parece pura diversão pode esconder armadilhas silenciosas, ou melhor, barulhentas.
É possível que um brinquedo seja capaz de prejudicar, de forma irreversível, a audição de uma criança?
A resposta, infelizmente, é sim. E são muitos os pais e responsáveis que sequer imaginam que o dano pode vir justamente da estante colorida da loja de brinquedos.
Os números são gritantes! De acordo com o site da Rede Internacional de Educação de Técnicos em Saúde/Fiocruz, “Em todo o mundo, 466 milhões de pessoas sofrem de perda auditiva com marcas de invalidez. Deste total, 34 milhões são crianças. Adolescentes e jovens entre 12 e 35 anos são os mais afetados por alta exposição a ruídos, celulares, ambientes recreativos, shows etc. Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, este quadro pode piorar até 2050, quando mais de 900 milhões de pessoas deverão registrar perda de audição nesse mesmo nível. O alerta foi feito neste 3 de março, Dia Mundial da Audição.”
A relação entre o som dos brinquedos e os ouvidos infantis
Embora muitas vezes considerados inofensivos, os brinquedos barulhentos podem ultrapassar, com folga, limites seguros de decibéis — principalmente quando usados muito próximos aos ouvidos das crianças, como ocorre com bonecas que “conversam” ou interfaces com botões barulhentos.
Nessa fase da infância, o sistema auditivo ainda está em processo de maturação, o que o torna mais vulnerável do que o de um adulto exposto aos mesmos estímulos. Exatamente por isso, a prevenção precisa começar desde cedo.
Entendendo o ouvido infantil: delicadeza e vulnerabilidade
Os ouvidos funcionam como portões de entrada para muitas formas de aprendizado. Sons harmoniosos ajudam no desenvolvimento da fala, da coordenação e da interação. Mas quando há estímulo excessivo, o efeito pode ser o oposto.
- Canal auditivo menor: o som percorre menor distância até o tímpano, o que intensifica o impacto sonoro.
- Respostas neurossensoriais em formação: há menor capacidade de adaptação a ruídos fortes.
- Tempo prolongado de exposição: crianças brincam repetidamente, o que eleva os riscos.
Brinquedos campeões em barulho: alerta vermelho!!!
Nem sempre a aparência inofensiva entrega o perigo oculto. Alguns dos brinquedos mais perigosos para a audição infantil são justamente os mais comuns.
Acredite!
- Bonecas musicais: quando posicionadas próximas ao rosto, podem ultrapassar 90 decibéis.
- Armas de brinquedo com som: sons de disparo e explosões simuladas geram picos acústicos nocivos.
- Carrinhos com sirenes: o som contínuo e repetitivo compromete o conforto auditivo.
- Jogos com botões sonoros: acionados constantemente ao lado do rosto, geram impacto direto.
- Chocalhos eletrônicos: perigosos quando levados pelo bebê até o ouvido.
- Brinquedos com apito embutido: muitas vezes sem regulação de volume, emitem sons agudos intensos.
O que os pais podem fazer para proteger seus filhos?
A boa notícia é que é possível garantir diversão e cuidado com a audição das crianças com simples mudanças de hábito e atenção nas escolhas do dia a dia.
O segredo está em unir presença, informação e prevenção!
Dicas práticas para brincar com segurança sonora
Com um olhar atento, os pais podem transformar a brincadeira em aprendizado e proteção duradoura.
- Conferir a intensidade sonora: aproximando o brinquedo do rosto, atente ao desconforto auditivo — se incomoda você, pode machucar a criança.
- Evitar contato direto com ouvidos: oriente a criança a manter distância entre o brinquedo e o ouvido.
- Preferir versões com controle de volume: escolha brinquedos com ajustes, idealmente abaixo de 75 dB.
- Testar antes de comprar: leve pilhas à loja e veja o volume real.
- Incentivar brincadeiras sem som artificial: blocos de montar, livros interativos e atividades manuais estimulam desenvolvimento sem ruído.
- Observar a duração da exposição: limite o tempo de uso e proponha variedade de atividades ao longo do dia.
Conclusão
O som é parte da infância, mas o excesso pode fazer barulho demais na saúde.
Na pressa do cotidiano e na ânsia de agradar, muitos adultos acabam negligenciando um fator sensível: que o ouvido infantil é como um jardim recém-plantado — tudo que vem em excesso pode sufocar em vez de nutrir.
Zelar pela audição das crianças é um gesto de cuidado silencioso, mas que reverbera por toda a vida. Estar atento hoje significa proporcionar um amanhã com mais sons saudáveis, e menos ruídos indesejados.
Não espere que o silêncio revele um problema.
Fique atento ao que os sons ao redor podem dizer sobre a saúde dos seus filhos. Se você notar qualquer sinal de desconforto ou suspeitar de problemas auditivos, não hesite em agendar uma consulta com a Dra. Allyne Capanema.
Aqui no blog, oferecemos uma gama de informações práticas e aprofundadas, sobre diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças do ouvido, nariz, garganta e áreas adjacentes, mas nada substitui a avaliação de uma profissional experiente para garantir o bem-estar das crianças.
Agende sua consulta para um acompanhamento personalizado!