O som do ronco pode ser um incômodo para quem dorme ao lado, mas será que ele é sempre um sinal de alerta? E a apneia do sono, o que ela realmente significa? 

Muitas vezes confundidos, ronco e apneia do sono são condições distintas, com diferentes níveis de gravidade e impactos na saúde. Continue a leitura para saber o que é ronco e apneia do sono e quando procurar um especialista.

Ronco: o que está por trás desse ruído noturno?

O ronco é aquele som característico produzido pela vibração dos tecidos da garganta durante o sono. Quando respiramos, o ar passa por um caminho que vai do nariz e da boca até os pulmões. Se houver algum estreitamento nesse caminho, o ar encontra dificuldade para passar, fazendo os tecidos vibrarem e gerando o ruído do ronco.

Causas comuns do ronco

Diversos fatores podem contribuir para o estreitamento das vias aéreas e, consequentemente, para o ronco:

Relaxamento muscular: durante o sono, os músculos da garganta relaxam naturalmente, o que pode estreitar a passagem do ar.

Obesidade: o excesso de peso pode levar ao acúmulo de gordura na região do pescoço, comprimindo as vias aéreas.

Consumo de álcool: o álcool relaxa ainda mais os músculos da garganta, aumentando a probabilidade de ronco.

Tabagismo: o cigarro irrita e inflama as vias aéreas, contribuindo para o estreitamento.

Posição ao dormir: dormir de barriga para cima pode fazer com que a língua e o palato mole (a parte de trás do céu da boca) se desloquem para trás, obstruindo a passagem do ar.

Anatomia: algumas pessoas têm naturalmente as vias aéreas mais estreitas, o que as torna mais propensas ao ronco.

Idade: com o envelhecimento, os músculos da garganta tendem a perder tônus, o que pode favorecer o ronco.

Apneia do sono: quando o ronco se torna um problema sério

A apneia do sono é uma condição mais grave do que o ronco isolado. Ela se caracteriza por interrupções repetidas da respiração durante o sono, que duram pelo menos 10 segundos. Essas pausas respiratórias, chamadas apneias, ocorrem devido ao bloqueio completo ou parcial das vias aéreas.

Segundo a Associação Brasileira do Sono (Absono), 35% da população brasileira sofre de apneia.

Sinais de alerta da apneia do sono

Além do ronco alto e frequente, a apneia do sono pode apresentar outros sintomas:

Engasgos e sufocamento: a pessoa pode acordar com a sensação de estar se engasgando ou sufocando.

Sono agitado: a pessoa se mexe muito durante a noite e tem dificuldade para manter um sono contínuo.

Sonolência diurna excessiva: a pessoa se sente cansada e sonolenta durante o dia, mesmo tendo dormido aparentemente por várias horas.

Dificuldade de concentração: a falta de sono reparador pode afetar a memória e a capacidade de concentração.

Irritabilidade: a pessoa pode ficar mais irritada e impaciente.

Dor de cabeça matinal: a pessoa acorda com dor de cabeça.

Boca seca: a pessoa acorda com a boca seca.

Diferenças entre ronco e apneia do sono

Embora o ronco seja um sintoma comum da apneia do sono, nem todo mundo que ronca tem apneia. O ronco isolado, sem pausas respiratórias, geralmente não representa um risco grave para a saúde. Já a apneia do sono, por causar interrupções na oxigenação do organismo, pode trazer sérias consequências.

Consequências da apneia do sono não tratada

A apneia do sono, quando não tratada, pode aumentar o risco de:

Hipertensão arterial: a falta de oxigênio durante o sono pode elevar a pressão arterial.

Doenças cardiovasculares: a apneia aumenta o risco de infarto, derrame e arritmias cardíacas.

Diabetes tipo 2: a apneia pode contribuir para a resistência à insulina, um fator de risco para o diabetes.

Problemas de memória e concentração: a falta de sono reparador afeta a função cognitiva.

Acidentes: a sonolência diurna aumenta o risco de acidentes de trânsito e de trabalho.

Depressão: a apneia pode afetar o humor e aumentar o risco de depressão.

Diagnóstico: identificando a apneia do sono

O diagnóstico da apneia do sono é feito por um médico especialista em sono, que pode ser um otorrinolaringologista, um pneumologista ou um neurologista.

Exames para confirmar o diagnóstico

O exame padrão ouro para diagnosticar a apneia do sono é a polissonografia, que é realizado em um laboratório do sono, onde o paciente dorme monitorado por sensores que registram:

Atividade cerebral: para identificar os diferentes estágios do sono.

Movimentos oculares: para avaliar a fase REM do sono (fase em que ocorrem os sonhos).

Atividade muscular: para verificar o relaxamento muscular durante o sono.

Frequência cardíaca: para detectar possíveis arritmias.

Fluxo respiratório: para identificar as pausas respiratórias.

Saturação de oxigênio: para medir o nível de oxigênio no sangue.

Ronco: para avaliar a intensidade e a frequência do ronco.

Em alguns casos, o médico pode solicitar uma polissonografia domiciliar, que é um exame mais simples, realizado em casa.

Tratamento: recuperando noites de sono tranquilas

O tratamento da apneia do sono tem como objetivo principal restabelecer a respiração normal durante o sono, melhorando a qualidade de vida do paciente e prevenindo as complicações da doença.

Opções de tratamento para ronco e apneia do sono

CPAP (Continuous Positive Airway Pressure): é um aparelho que envia um fluxo contínuo de ar para as vias aéreas, mantendo-as abertas durante o sono. É o tratamento mais eficaz para a apneia do sono moderada e grave.

Aparelhos intraorais: são dispositivos que se encaixam nos dentes e ajudam a manter a mandíbula e a língua em uma posição que facilita a passagem do ar. São indicados para casos de ronco e apneia leve.

Cirurgia: em alguns casos, a cirurgia pode ser uma opção para corrigir alterações anatômicas que contribuem para o ronco e a apneia, como desvio de septo, hipertrofia das amígdalas e úvula (campainha).

Mudanças no estilo de vida: perder peso (em caso de obesidade), evitar o consumo de álcool e sedativos antes de dormir, parar de fumar, dormir de lado e praticar exercícios físicos regularmente são ações que podem ajudar a reduzir o ronco e a apneia.

Fonoterapia: em alguns casos, a fonoterapia pode ajudar a fortalecer os músculos da garganta, reduzindo o ronco.

Quando procurar ajuda médica?

É importante procurar um médico se você apresenta ronco alto e frequente, principalmente se ele estiver associado a outros sintomas da apneia do sono, como engasgos, sufocamento, sonolência diurna excessiva, dificuldade de concentração e irritabilidade.

O papel do otorrinolaringologista

O otorrinolaringologista é o médico especialista em doenças do ouvido, nariz e garganta. Ele pode avaliar as vias aéreas superiores, identificar possíveis causas do ronco e da apneia do sono e indicar o tratamento mais adequado para cada caso.

Conclusão

A jornada pelo universo do ronco e da apneia do sono nos revela um cenário complexo, em que um simples ruído noturno pode esconder um problema de saúde significativo. Mas uma importante questão é: o ronco e a apneia são sempre sinais de um problema grave?

Ao longo deste artigo, exploramos as nuances dessas condições, desde suas causas e sintomas até as opções de diagnóstico e tratamento. 

A resposta, como vimos, reside na diferenciação entre essas duas condições. O ronco, por si só, nem sempre é motivo de grande preocupação. Ele pode ser resultado de fatores como relaxamento muscular, obesidade, consumo de álcool ou até mesmo a posição ao dormir. 

Quando o ronco se torna frequente e intenso, acompanhado de pausas respiratórias, engasgos e sonolência diurna, ele se transforma em um sinal de alerta para a apneia do sono.

A apneia do sono, com suas interrupções na respiração, priva o organismo de oxigênio, desencadeando uma série de consequências que vão muito além do cansaço e da sonolência. Hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes, problemas de memória e até depressão são alguns dos riscos associados à apneia não tratada.

Portanto, a chave para lidar com o ronco e a apneia do sono está em prestar atenção aos sintomas, tanto do ronco quanto da apneia, e buscar ajuda médica. O otorrinolaringologista é o profissional capacitado para diagnosticar e tratar essas condições.

Seguir o tratamento é fundamental para restaurar a qualidade do sono e prevenir complicações.

O ronco nem sempre é um problema grave, mas a apneia do sono invariavelmente exige atenção e cuidado. Ao compreender a diferença entre essas condições e buscar ajuda médica quando necessário, é possível garantir noites de sono tranquilas, mais saúde e uma vida com mais qualidade e bem-estar.

Seu sono é valioso! Não deixe que o ronco e a apneia do sono prejudiquem sua saúde e bem-estar. 

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